O Estado
totalitário é menos uma causa do que um sintoma. Não é ele que destrói a
liberdade, pois organiza-se sobre as suas ruínas.
G. Bernanos
1
Aqui e Agora. Nos Estaus, perto da
Mouraria, num sítio que, depois de ter ardido como Palácio do Tesouro e de ter
sido sublimado em Teatro Nacional pela Santa Liberdade, cabe-me assinalar a
abertura deste colóquio aberto, promovido pelo Grémio Universalis do Grémio
Lusitano, parcelas que somos da mais antiga associação democrática portuguesa,
fundada e continuadamente resistente desde 1802.
2
O motivo da glosa é a espiral de
violência de sermos pátria, isto é, memória e valores, na cidade mais magnicida
do século XX, do regicídio de 1908, aos sucessivos republiquicídios de 1918,
1921 e 1965, entre terrorismos propriamente dito e terrorismo de Estado.
3
No século XX, todos matámos e todos morremos,
em nome do Estado, da Religião, da Libertação, da Ocupação ou do Mercado. Mas,
de vez em quando, recordamos o perfume de palavras de paz, sugerindo
peregrinações pelas nossas raízes, a fim de redescobrirmos as tradições que nos
podem dar futuro. Mas logo acrescentando que todas as religiões, todas
anti-religiões, todas as ideologias e todas as conceções de Estado, sobretudo
as que se assumem como uma verdade absoluta, estão, todas, e cada uma delas,
condenadas ao respeito pelas outras.
...
Teatro Nacional D. Maria II,
6 de Dezembro de 2014