Os Dez Mandamentos da Democracia
Porque só é possível morrer pelas coisas que se amam. Se substituírem o amor de pátria pelos relatórios tecnocráticos, matam-nos!
Carreiras públicas
I. A progressão nas carreiras públicas deve apenas depender do mérito e da capacidade, mas nunca da origem social.
Vida privada
II. A liberdade deve ser, sobretudo, da vida privada.
Leis e boa educação
III. O respeito pelas leis vem, principalmente, da boa educação.
Jogos e sacrifícios para a recreação do espírito
IV. Importa organizar jogos e sacrifícios para a recreação do espírito.
Elegância das habitações
V. A elegância das habitações ajuda a esquecer as nossas preocupações.
Comércio internacional
VI. Para termos grandeza, devemos atrair produtos de todo o mundo.
Sociedade aberta ao mundo
VII. Devemos abrir-nos a todo o mundo e jamais excluirmos os estrangeiros.
Vida livre no quotidiano
VIII. Devemos viver no quotidiano da forma que mais nos apraz.
Uma educação sem sentido férreo
IX. Não devemos ter o sentido férreo da disciplina na educação
Requinte e virilidade
X. Importa cultivarmos o requinte sem extravagância e as coisas do espírito sem perdermos virilidade.
Trata-se do discurso fundador da democracia, em homenagem aos soldados mortos pela pátria:
O nosso sistema político não inveja as leis dos nossos vizinhos, pois temos mais de paradigmas para os outros do que de seus imitadores. O seu nome é democracia, pelo facto da direção do Estado não se limitar a poucos, mas se estender à maioria; em relação às questões particulares, há igualdade perante a lei; quanto à consideração social, à medida em que cada um é conceituado, não se lhe dá preferência nas honras públicas pela sua classe, mas pelo seu mérito; nem tão pouco o afastam pela sua pobreza, ou pela obscuridade da sua categoria, se for capaz de fazer algum bem à cidade.
(…) Além disso, pusemos à disposição do espírito muitas possibilidades de nos repousarmos das fadigas. Temos competições e sacrifícios tradicionais pelo ano fora; e usufruímos de belas casas particulares (…). Devido à grandeza da cidade, afluem aqui todos os produtos (…) e acontece que desfrutamos dos bens locais com não menos abundância (…). Em resumo, direi que esta cidade, no seu conjunto, é a escola da Grécia.”
Discurso de Péricles, citado por Tucídides em "A Guerra do Peloponeso (século V a.C.)", in Claude Mossé, "As Instituições Gregas", Lisboa, Edições 70, 1985, p. 53