Words are, of course, the most powerful drug used by mankind…
(Kipling).
O eterno vem ao tempo
A poesia é mais verdadeira do que a história. Porque não é a história que faz o homem, mas o homem que faz a história, mesmo sem saber que história vai fazendo. Daí que o paradoxo ainda continue a ser a melhor forma de acedermos à verdade, porque esse é o conteúdo da fé, pelo qual o eterno vem ao tempo, como salientava Kierkegaard.
A poesia é mais verdadeira do que a história
A poesia é, assim, mais verdadeira do que a história, a que não é causa, provocada pelos teóricos do processo histórico, sob a forma de ideologias, mas antes o simples produto das ações dos homens e não das respetivas intenções e planeamentos, porque são mesmo os poetas que movem a humanidade, sentindo as correntes profundas.
O convívio da história com o mistério
Daí, a maçonaria, porque faz conviver a história com o mistério e apenas ascende quando se torna poesia.
Kipling
Como a de Rudyard Kipling, quando tentava elevar o imperialismo britânico na Índia, onde nasceu, em esforço de civilização, agregando cristãos, muçulmanos, hindus, sikhs e judeus.
Baden Powell
Até estava inserido naquele movimento de criação do movimento scout, de Baden Powell, procurando um método educativo para uma nova forma de vida.
Álvaro de Melo Machado
Aliás, quatro ano depois do lançamento de tal movimento, um jovem oficial português, Álvaro de Melo Machado, iniciado maçom desde 1907, fundava, em Macau, o primeiro grupo de escoteiros em território português, quando já era bastante ativa a loja Luís de Camões, que mobilizava personalidades como Camilo Pessanha e o jornalista Francisco Hermenegildo Fernandes.
Plenitude
O poema de Kipling, sem qualquer cedência ao cientificismo, chame-se futurologia ou prospetiva, supera, em plenitude, as próprias vulgatas esotéricas, revelando o essencial dos homens de boa vontade que querem ser homens livres, conforme o berço do estoicismo, do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, bem contrário aos totalitarismos grupais e aos respetivos fundamentalismos.
Juntar humanismos
Porque ainda hoje continua a ser mero projeto essa procura do sonho, tentando juntar, contra a intolerância, os vários humanismos, laicos ou religiosos, os que nos deram a revolução atlântica demoliberal.
Assumir a esperança
Se não imagino uma utopia dos “amanhãs que cantam”, à procura de uma dessas revoluções de terror, que encontrem o totalitarismo de um qualquer aparelho de poder pretensamente iluminado, nem por isso deixo de assumir a esperança, vislumbrando as sementes de bem e de mundo melhor que a humanidade tem acolhido.
Velhos cavaleiros do Apocalipse
Porque, quando os meus netos forem pais e avós, julgo que eles ainda lerão o poema de Kipling, contra as novas investidas dos velhos cavaleiros do apocalipse, como novas fomes, novas pestes e novas guerras, e com os consequentes rastos de fanatismo, ignorância e tirania, os tais sintomas das causas que costumam acompanhar essas degenerescências.
Cairmos e levantarmo-nos
Isto é, acredito que, depois de inevitáveis quedas, os homens concretos e o homem de sempre estarão, mais uma vez, a levantar-se, com novas frases que pensam salvar a humanidade, mas ainda sem conseguirem a salvação do mundo, essa procura da perfeição que marca sempre o homem imperfeito.
Platão, Cristo, Buda, Confúcio, Maomé e Rousseau
Por isso, os meus filhos e os meus netos continuarão a ler Platão, Cristo, Buda, Confúcio, Maomé e Rousseau, bem como um desses poetas de hoje, que desconheço, mas que, de certeza, já escreveu a nova inspiração do amanhã. Words are, of course, the most powerful drug used by mankind… (Kipling).